O comboio
apitava, ele sonhava com outra vida. Juntou as suas parcas economias e partiu.
A cidade espantou-o com a desordem de um mundo desconhecido. Para trás, a
criança que fora e os amores e desamores da sua adolescência. Trabalhou até
conseguir trocar as moedas da velha sacola por notas. Um dia voltou à terra,
mas não a reconheceu. Os velhos tinham morrido, os novos emigrado. Só o comboio
continuava a apitar, agora num grito de solidão!
Isabel Lopo,70 anos, Lisboa
Escritiva nº 5 – homenagem às sapatilhas
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