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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2018

Katie e Julie Vieira - desafio 29

Um homem estava caminhando pelo parque, comeu um caramelo e deitou fora o papel que caiu na terra. Uma mulher pôs os pés encima dele, escorregou e caiu, o papel acabou rasgado partindo-se o seu coração, mas voando chegou a outro lugar onde encontrou outro papel: foi uma maravilhosa história de amor. Agora, têm dois filhos e uma filha: papel 1, papel 2 e papel 3, moram numa casa linda com muitas janelas e nenhum lixo. Katie e Julie Vieira, 19 anos, Salamanca, USAL, professora Paula Isidoro Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Isidro Alcalá Cabaña - desafio 29

Era uma vez um anel e uma caixinha que se separaram. Ao princípio, a caixa sentia-se sozinha porque o anel encontrara uma pessoa com quem partilhar momentos bonitos e não a recordava. O anel sentia-se muito satisfeito com a pessoa com quem estava. Mas finalmente, a caixa encontrou um novo objeto com quem partilha bons momentos. Assim cada um tem a sua própria vida e são muito felizes: a caixa, na praia e o anel no deserto. Isidro Alcalá Cabaña, 18 anos, Montijo, USAL, professora Paula Isidoro Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Elisabeth Oliveira Janeiro - desafio 29

A Caixinha Há dias que nascem um pouco enviesados, influenciando o humor de cada um. Foi num desses que Cristovinho, um menino lindo e esperto, se viu em apuros para encontrar a sua caixinha. A de lápis de cor, ela própria colorida que nem dia de festa. Tantos desenhos, com aqueles mágicos lápis... Peregrinou por toda a casa, mas nada. Desanimado e cabisbaixo, tropeçou, indiferente, num objecto caído. Olhou por olhar, mas oh, surpresa: era a sua amada caixinha! Elisabeth Oliveira Janeiro , 73 anos, Lisboa Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Carla Silva - desafio 29

O desgosto Sempre os vira juntos, por isso nunca tal lhe chamou a atenção. Mas agora, ao olhar detalhadamente para a chávena, percebia que o fio dourado não brilhava com o mesmo esplendor de outrora. Aliás, perdera o brilho totalmente, desde que o pires saíra do loiceiro pela mão da pequena Cátia e não regressara.  Ela própria sentia a tristeza da chávena, compreendia a falta que ela sentia do seu companheiro, do amor de toda a vida... como compreendia! Carla Silva , 44 anos, Barbacena, Elvas Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Amália da Mata e Silva - desafio 29

Era um amor lindo aquele que os unia. Sempre juntos. Ele, esbelto e singelo; ela, muito cómoda e colorida. Viviam em comunhão num canto da despensa ou numa gaveta da cozinha. Mas, que importava o lugar onde estavam? Desde que estivessem juntos, estavam bem... Nada valiam se estivessem separados. Até quando ele, rebelde, queria dar uma escapadela, não funcionava porque deixava de ter utilidade e voltava para ela que, para o castigar, lhe fazia arder a cabeça. Amália da Mata e Silva , 62 anos, Vila Franca de Xira Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Paula Castanheira - desafio 29

Sou Lancheira Castanheira e com muito gosto! Os últimos tempos não têm sido fáceis. Sim, já fui muito feliz, quando todas as manhãs, acompanhava a minha amiga Marmita Catita e juntas transportávamos o almoço da Maria. Sentia-me útil e os dias corriam divertidos. Porém, subitamente, separaram-me da minha companheira, levaram-na assim… e tudo mudou! Estou dececionada com os humanos! Somos objetos, mas temos sentimentos. Não podem servir-se de nós e sem aviso deitarem-nos no lixo. Haja respeito, ok? Paula Castanheira , 53 anos, Massamá Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Isabel Lopo - desafio 29

Há muito que a Chávena estava apaixonada pelo Bule. O Pires bem a avisara que ele era um pinga-amor... Mas ela tanto fez para lhe agradar que começaram namoro. As outras, as invejosas, faziam troça dos seus dourados fora de moda. Então resolveram empurrá-la... Salvou-a a Dona da Casa mudando-a de armário. Foi quando o Bule, saudoso, lhe propôs casamento. Mas só na noite da consoada se conseguiram juntar. Promessa cumprida: casaram tendo o pires como padrinho... Isabel Lopo , Lisboa Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Helena Rosinha - desafio 29

Azul Era um pente tão azul, tão azul, que se confundia com os olhos de Lucinha. Apesar da idade (a falta de dentes não enganava), lá estava ele, diariamente, retocando o cabelo das clientes. De todas, Lucinha era a preferida, a sua paixão. Acariciar-lhe os longos, negros fios... oh, puro deleite! Sofrimento atroz foi ouvi-la ordenar naquele dia: “Rapado, à Sinéad O’Connor!” Traído, trocado pela reles  Philips ! No lixo, cabelos negros e pente azul tocaram-se pela última vez. Helena Rosinha , 65 anos, Vila Franca de Xira Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Sara Garizo - desafio 29

Conheceram-se num dia de trabalho e foi amor à primeira vista. Eram jovens, bonitos e apresentavam-se impecavelmente vestidos. Quando deram o primeiro beijo, Afia sentiu borboletas na barriga e Lápis chegara a casa. Os beijos foram aumentando na proporção inversa que a vida de Lápis foi diminuindo. A ausência de espaço em cada encontro adensava a sua vida, que se ía encolhendo até ao bico. De um último beijo ficaram aparas infinitas, em espiral sobre si mesmas. Sara Garizo , 42 anos, Madalena Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Quita Miguel - desafio 29

Livros Há anos, que livros são, por preferência, bens que me possuem. A cada página me realizam, desde que estejamos na zona da ficção e no tempo atual, salvo raras exceções. Os livros mais conceituados, por alguns prémios e críticos, são aqueles que ficarão esquecidos por mim, pois acho-os, em geral, chatos e cansativos. Do que gostaria? Cavaquear com um livro, abrir o coração às suas páginas que me adoçam a alma e terminá-lo com uma visão iluminada. Quita Miguel , 58 anos, Cascais Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Glória Vilbro - desafio 29

Em jovem o meu pai montava a cavalo. Quando deixámos África, ele quis trazer recordações das distantes cavalgadas. Abrimos o caixote ( contentor , como dizíamos) e lá estavam as botas, esporas, estribos, luvas... No meio destes objectos deformados pela humidade, e molhados de saudades, não encontrámos a sela. Então foi como se esta ausência doesse mais do que a falta do cavalo, do capim e da cacimba. A sela perdera-se das recordações, alcançando assim a glória da eternidade. Glória Vilbro , 50 anos, Negrais, Almargem do Bispo - Sintra Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Ana Paula Oliveira - desafio 29

Vivi sempre despojado de tudo até que ela, dourada e brilhante, se colou a mim num momento mágico. E nada mais nos separou. Nem a água, nem o sabonete, nem o creme amaciador, nem a areia na praia. Unidos para sempre, tinha ouvido. Mas, tudo mudou, trinta anos depois, e hoje ela foi-me retirada abruptamente. Foi depois da saída do tribunal e ainda não me habituei à ideia de ficar novamente nu. Dedo anelar de recém-divorciada sofre! Ana Paula Oliveira , 57 anos, S. João da Madeira Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Constantino Mendes Alves - desafio 29

Era o candeeiro, era a secretária. Quando apagado, ela sombreava de medo. Assustada, mesmo calada, suspirava. Ele fechado, aturdido, sem fontear, exasperado, só, perdido. Algo, como uma mão, clicava, eis um mundo acendido. Era doce o seu paladar espalhado naquele côncavo plano. Ela refletia, em lágrimas, brilhava. Que alegria, um diálogo tão intenso que a pele de uma mão arrepiava de emoção. Que romântico matrimónio, era só luz e madeira, mas não me enganem, havia alma verdadeira. Constantino Mendes Alves , 59 anos, Leiria Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Elsa Alves - desafio 29

Copos em fila. Canecas penduradas. Alguém abriu a porta do armário e arrumou uma chávena, em lugar de destaque. As canecas olharam-na com inveja; os copos com desdém. O mais alto mirou aquela nova hóspede. Aproximou-se dela. Meteu conversa :" Lágrimas? Por seres diferente? Anima-te... É tão sexy essa tua forma arredondada..." A chávena fungou. Mirou-o, de cima a baixo. Achou-o maravilhoso. O copo inclinou-se para ela, corada, embevecida. E assim trocaram o seu primeiro beijo de amor... Elsa Alves , 69 anos, Vila Franca de Xira Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Susana Santos - desafio 29

Infelizmente, a sua doce existência terminara... o Joãozinho saboreava o último bombom. Agora, aquela caixinha em forma de coração, previa angustiada que, vazia, sem o especial conteúdo achocolatado, o destino reservar-lhe-ia um repulsivo contentor de lixo. Mas, os seus prognósticos falharam completamente. O Joãozinho, utilizando cola, tinta, cartolina e conchas, transformou a caixinha num guarda-jóias; recorrendo à arte da decoupage, ofereceria um presente de aniversário especial à mãezinha! A caixinha, mesmo sem bombons, assegurou uma vida açucarada! Susana Sofia Miranda Santos , 38 anos, Porto Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Filomena Galvão - desafio 29

Sentia-se só, muito só e triste. O velho casaco felpudo de lã grossa era o seu aconchego e era também com ele que a menina gostava de se envolver e se enroscar no sofá. Caíra e esperava agora impacientemente que ela o voltasse a coser. Era um pequeno e redondo botão de madrepérola. De repente, sentiu a agulha a trespassá-lo, a linha a deslizar, a prendê-lo à carcela da lã. Que felicidade, estava de novo em casa! Filomena Galvão , 57 anos, Corroios Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Margarida Freire - desafio 29

A bem dizer ela tinha dois amores. Se lhe perguntassem, não saberia dizer de qual gostava mais. Com o primeiro, sentia-se aconchegada. Feitos um para o outro; nenhum espaço entre ambos, perfeitamente ajustados. Com o outro, não era bem assim. Uma experiência diferente que nem sempre lhe agradava. Relação aberta, seria isso? Sentia saudade do sossego de outros tempos. Um dia, abalou. A Tinta voltou para o Frasco, esqueceu o Tinteiro. Felizes para Sempre, graças à Esferográfica… Margarida Freire , 75 anos, Moita Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Daniel de la Fuente Martín e María Santiago Peralvo - desafio 29

Daniel é um papel de bombom e sente-se emocionado, animado porque está a viver numa nova odisseia. Ele ainda não sabe, mas ele vai ser um papel renovado, ele gostaria de ser um papel de gelado porque não queria mais calor, procurava agora novos amigos de coração frio. Embora gostasse de ser um papel de bombom, estava cansado, já que levava muitos anos com o mesmo doce de chocolate amargo. Agora precisava de novas aventuras e companhias. Daniel de la Fuente Martín, 20 anos, María Santiago Peralvo, 23 anos, Salamanca, prof Paula Isidoro Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Theo De Bakkere - desafio 29

O frasco e o perfume Duma pazada arreia feita, nunca presumira que era predestinada para se transformar num frasco enchido de perfume da casa Chanel. Ah! Cheirava tão bem. Entretanto, o futuro estava garantido, as empregadas sempre recomendavam o nr 5 como melhor compra. Somente devia esperar não cair nas ignorantes mãos daquelas que o usariam como se fosse um ordinário pulverizador da casa de banho. Não, deve ser alguém que sabe apreciar parcimoniosamente esse perfume. Afinal ficará a sua vida prolongada. Theo De Bakkere , 66 anos, Antuérpia, Bélgica Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Alejandro García Hernando, Esther Crespo López e Aythami Miranda Moreno - desafio 29

A catorze de fevereiro, um plástico sozinho estava desolado porque fora rasgado e separado do seu coração doce. O triste plástico ficou tão doente e vazio que já não queria viver mais. Mas eis que, quando estava a chorar a sua saudade, passou um novo coração que fez com que ele se sentisse vivo e livre. Então, ele apaixonou-se novamente e nunca mais se sentiu frágil. Terminaram felizes para sempre e, agora, vivem contentes e docemente abraçados. Alejandro García Hernando, 18 anos, Esther Crespo López, 29 anos, Aythami Miranda Moreno, 25 anos, Salamanca, prof Paula Isidoro Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Natalina Marques - desafio 29

Vieram juntos do mercado, foram juntos para o frigorífico e o tempo que ali permaneceram chegou para descobrirem a sua paixão. Juraram amor eterno, que iriam juntos para a panela da sopa. Mas a cenoura, que sonhava com voos mais altos, preferiu a salada, deixando o nabo na mais profunda solidão. Passado alguns dias, disse para a abóbora, que o olhava com ternura. ― Tu também te vais embora? ― Eu não gosto de salada, prefiro a sopa contigo. Natalina Marques, 58 anos, Palmela Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Chica - desafio 29

Fim de tarde, Rita no parque. Absorta, ouve vozes. Escuta então: ― Logo, eu e os demais bancos todos que estão tão coloridos ficarão vazios. Será, virá a carroça de pipoca como sempre, encostar-se em meus braços? Ela olhou, aguçou os ouvidos e jura que viu o banco enlaçar em abraços uma carrocinha onde pipocas brilhavam... Ouviu até os “smacks” de beijos apaixonados... Viu, ouviu. Porém horas mais tarde, acorda. Fora apenas um bem inusitado sonho de amor! Chica, 69 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Elena Pereira Romero e Lucía Morante Parada - desafio 29

Uma bela garrafa de champanhe foi aberta no Reveillon e separada da sua rolha e depois do champanhe. Ao princípio, sentia-se muito bem consigo mesma porque toda a gente estava a desfrutar com ela, mas depois, quando a festa acabou, começou a sentir-se vazia, sozinha, desgraçada e desolada. Por isso, só queria chorar. Depois de muito tempo a pensar, ela deu-se conta de que fora humilhada e utilizada e enfureceu-se. Depressiva, decidiu atirar-se da mesa para morrer. Elena Pereira Romero e Lucía Morante Parada, 18 anos, Salamanca, prof Paula Isidoro Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Daniel de la Fuente e María Santiago Peralvo - desafio 29

Maria é uma garrafa de vinho. Agora ela sente-se livre porque ela sempre quis ser uma garrafa com uma mensagem e viajar pelos mares. Maria passava muitas horas na mesma cave com o mesmo vinho e estava muito aborrecida. Num feriado, uns estudantes da faculdade resgataram-na e beberam-na. Os estudantes deitaram-na na praia de Barra e uma onda levou-a mar adentro. Então viveu muitas aventuras como a sua mensagem diz: “procura o que o teu coração quer”. Daniel de la Fuente Martín, 20 anos, María Santiago Peralvo, 23 anos, Salamanca, prof Paula Isidoro Escritiva nº 29  – história de amor de objectos

Desafio nº 29 - História de amor de objetos

Fevereiro é o mês das histórias de amor, e eu sou toda uma lamechas que se emociona com qualquer história romântica. De tal forma que às vezes dou por mim a pensar que sentirá uma garrafa de água com gás quando perde o seu precioso líquido, ou o quanto sofrerá uma embalagem de chocolate sem o seu querido docinho... Eu sei, eu sei, sou assim... apaixonada. Pois bem, que venham daí essas histórias de amor entre objetos que se vejam separados contra a sua própria vontade. A minha ficou assim: Já tinha tido outras companheiras ilustres, vintage, de famílias abastadas e com heranças incalculáveis, mas nenhuma dessas companhias tinha aquela leveza, alegria, energia ou vivacidade. Viviam, felizes, um amor que sabiam ser efémero e procuravam, no fundo da prateleira, prolongar aquela história de amor condenada a diluir-se no tempo. E esse dia chegou: conscientes do momento, ficaram abraçadas a ver como destapavam o seu amor e como entre elas se interpunham, pouco a pouco, mão, cop

Constantino Mendes Alves - desafio 28

Em primeiro lugar, verifique se os pés assentam na Terra, quando ligar o interruptor da imaginação evita voos ou ambições descabidas. Sonhar é bom, regule o aparelho para 8 horas diárias de sono. Atenção este aparelho usa neurónios e emoções, é necessário utilizá-los e regularmente. Tem tubo digestivo e aceita apenas alimento saudável. Evite gorduras e açúcares. Nota importante: Este aparelho apenas serve para alcançar uma vida de felicidade, evite estragar, submeter, usurpar. Use, mas não abuse. Constantino Mendes Alves , 59 anos, Leiria Escritiva nº 28  - manuais de instruções

António Vaz - desafio 28

Se queres conquistar uma menina bonita, segue os passos que te vou indicar. Primeiramente, vai passear a um parque e senta-te ao lado da rapariga mais gira que lá houver. Depois, conversa com ela, saudando-a delicadamente. Seguidamente, diz-lhe que andas no ginásio, mostra-lhe os teus bíceps e pede-lhe o número de telefone. Elogia ainda a sua roupa e o seu perfume. Cuidado para não levares um estalo! Finalizando, toca-lhe no cabelo e marca o primeiro encontro. Infalível! António Vaz , 14 anos,– Colégio Paulo VI, Gondomar, prof.ª Raquel Almeida Silva Escritiva nº 28  - manuais de instruções