Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2017

Miguel Batalla Liste - desafio 22

Na noite de 24 de dezembro, a crinça levantou-se da sua cama já de madrugada, desceu as escadas e foi até à sala onde ficava a árvore de natal e debaixo dela os brinquedos. Enquanto ele jogava, ouviu-se um ruído e as luzes acemderam-se pelo que o menino, advertido, voltou de novo para a cama. A sua mãe entrou no quarto ralhando: Foste tu! Para logo, já mais calma, dizer: Podes continuar a jogar, já não importa. Miguel Batalla Liste , 21 anos, Universidade de Santiago de Compostela, prof Carla Amado Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

María Caiña - desafio 22

Naquela noite eu estava muito nervosa porque a minha missão era muito importante: colocar as prendas por baixo da árvore de natal enquanto os meus primos dormiam. Quando estava a fazê-lo ouvi um ruído: o meu primo acordara e lá estava, olhando para mim sem acreditar no que estava a ver. Ele começou a chorar e eu decidi dizer-lhe que eu era uma ajudante do Pai Natal. O menino ficou muito contente. Tudo acabara por ficar resolvido! María Caiña , 20 anos, Santiago de Compostela, prof Carla Amado Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Antón Garcia Rodriguez - desafio 22

Era criança e estava numa daquelas festas populares de aldeia. Eu gostava muito do vermute e a minha mãe não me deixava beber. Esperei o momento oportuno para poder beber sem repreensão, mas enquanto bebi, acabei por vomitar tudo e a minha mãe, disse: “Avisei-te!” Desde aquilo já não gosto de beber vermute e, quando vomito, lembro-me sempre daquele terrível momento. Anos depois, a minha mãe até incentivou o meu irmãozinho a beber vermute. Nunca pensei isso. Antón Garcia Rodriguez , 22 anos, Universidade de Santiago de Compostela, prof Carla Amado Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Hele Gonzalez Doval - desafio 22

A Helena tinha de vigiar enquanto o grupo roubava os documentos. Às seis horas voltariam ocupar a vaga de estacionamento. Tinha de gritar alto para avisar os colegas que os professores chegavam. A Helena fixava os olhos, simultaneamente, nos ponteiros e na vaga. Tremia, a pressão ultrapassou-a, vista e quarto esbotados. Às seis, a vaga ocupou-se e a Helena não disse nada. O grupo foi apanhado. Depois berros dos colegas e bronca da família. Expulsa da escola! Helena Gonzalez Doval , 21 anos, Universidade de Santiago de Compostela, prof Carla Amado Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Jorge do Campo Ferreiro - desafio 22

Embora tenha decorrido muito tempo, lembro-me perfeitamente do que aconteceu. Numa esquina do quarto havia um objeto quadrado. O minibar ficou vazio ao fim de pouco tempo. Quase vazio. No dia da partida caminhávamos em direção à saída quando se ouviu um barulho indescritível. Vi o líquido a derramar-se. Fiquei surpreso. — E então não ia pagar? ― disse a rececionista. Apesar do incómodo da situação, consegui tirar partido dela: agora evito aproximar-me demasiado dele para fugir às tentações. Jorge do Campo Ferreiro , 22 anos, Universidade de Santiago de Compostela, prof Carla Amado Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Miguel Huertas Abrantes - desafio 22

Eu era muito pequenito, acho que tinha uns cinco anos e, naquela época, vivia no Entroncamento, em Portugal. Todos se tinham ido embora de casa e eu ficara sozinho. Naquele momento o que mais me apetecia era chocolate em pó e resolvi puxar uma cadeira até à beira do armário para pegar no pacote. Enquanto estava no terraço a comer o chocolate com a ajuda da minha mão, apareceu o meu avô, mas ao ver-me só sorriu. Miguel Huertas Abrantes , 20 anos, Universidade de Santiago de Compostela, prof Carla Amado Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Irene López - desafio 22

A última vez que fui apanhada em flagrante foi este verão, na noite da última quinta-feira para sexta-feira com os meninos. Havia mais um acampamento connosco e ao serem tantos resolvemos pregar alguma partida e atar o maior número possível de sapatos para eles perderem tempo na manhã seguinte para poder recuperá-los. Além disso decidimos pintar-lhes a cara sobretudo aos mais problemáticos mas um deles acordou e tivemos que ficar meia hora mais a controlar o barulho. Irene López , 20 anos, Universidade de Santiago de Compostela, prof Carla Amado Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Damián Santamaria - desafio 22

Quando eu tinha apenas quinze anos, eu e os meus amigos fomos de noite à escola onde estudávamos, essa escola tinha fechado meses antes e começava a mostrar sinais de abandono. A curiosidade provocou em um desejo enorme de entrar no edifício, onde viveramos tantas experiências antigamente. Entrar não foi difícil. Excetuando os aparelhos eletrónicos, tudo estava intato. Mas, depois de alguns minutos, fomos sorprendidos por uma vizinha que chamou a polícia, provocando a nossa fuga instantânea. Damián Santamaría , 19 anos, Universidade de Santiago de Compostela, prof Carla Amado Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Rafael Santos - desafio 22

Eu vou vos contar uma historia e vão se partir a rir: Um dia estava eu na escola e estava a ver um miúdo a provocar outro miúdo. Então ele pensava que o diretor não iria aquele sítio, mas teve azar, pois o diretor apanhou-o em  flagrante. O diretor chegou por trás e disse para ele parar quieto: se não gosta que lhe façam, não faça aos outros. Foi apanhado com a boca na botija, em  flagrante . Rafael Santos , 14 anos, Lisboa Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Susana Santos - desafio 22

Esta manhã, quando temperava o hambúrguer que confeccionaria ao almoço, o telefone tocou. Dirigi-me à sala para atender a chamada. Quando regressei à cozinha para retomar o trabalho culinário, já não encontrei o hambúrguer, mas somente um prato vazio em cima da banca, bem como vestígios de carne picada no focinho da minha cadela. Não fiquei zangada... até achei piada! O drama é que este episódio provocou-lhe gastrite, carecendo de tratamento veterinário. Felizmente, já se encontra saudável. Susana Sofia Miranda Santos , 38 anos, Porto Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Amélia Meireles - desafio 22

Conseguira! Apressadamente escondeu a foto do seu amigo colorido. Por pouco não fora apanhada pelo namorado. Gostava mesmo da dedicatória: “Sou o teu amor para a vida”. Agora só desejava chegar a casa sem que Hugo descobrisse. Apressou-se a sair da biblioteca mas, sem dar conta, pegara no livro de matemática do namorado. Ao devolvê-lo, percebeu que fora ali que escondera a foto da sua nova paixão. Apanhada! Como explicar o inexplicável? Uma história que acabou mal... Amélia Meireles,  64 anos, Ponta Delgada Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Quita Miguel - desafio 22

Mexicana Durante o meu tempo de faculdade fui à Mexicana, no máximo, 3 ou 4 vezes e logo numa dessas vezes o universo pregou-me uma partida. Estávamos quatro numa mesa e eu resolvi falar, de uma forma muito pouco abonatória, de um professor da minha faculdade, dando nome e sobrenome. Nesse momento, o dito professor, que já nem me lembro como se chama, levantou-se da mesa atrás de mim, colocou-se bem na minha frente e fixou-me o olhar. Quita Miguel , 57 anos, Cascais Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Maria do Céu Ferreira - desafio 22

Flagrante De mochila pelas costas Passou no meio da gente… Pegou em sacos de tostas Para pagar mais à frente! De soslaio, o merceeiro Topava-o com atenção: A mochila era o celeiro, Somente tostas na mão!... O artista experimentado, Ia pegando à vontade, De mansinho, com cuidado, Sentia-se em liberdade!... À hora do pagamento Eram tostas a pagar… Não previa o contratempo Da mochila esvaziar. Depositou no balcão Os produtos camuflados… Saiu todo fanfarrão, Nós, à volta, envergonhados!... Maria do Céu Ferreira , 62 anos, Amarante Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Alda Gonçalves - desafio 22

Apanhado em flagrante... Não resistia a caderninhos. Tinha imensos. Com pensamentos, com flores, com capas duras, plásticas, com imagens de celebridades, com frases de livros famosos. Alguns oferecidos, outros comprados em papelarias finas, trazidos das mais diversas viagens. Mas aquele ali, naquela feira de brique-à-braque era uma tentação. Olhou, folheou, cheirou. Até sentia o perfume da antiga dona. Olhou em volta, parecia ninguém estar a reparar, virou de costas e avançou. O rapazinho tocou-lhe no braço e disse: — é meu. Alda Gonçalves , 49 anos, Porto Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Carla Silva - desafio 22

Os chocolates desaparecidos Mais um! Era o quinto numa semana. Não que fosse algo importante, era um simples chocolate. Mas era o MEU chocolate! Perguntei a todos na residência. Ninguém tinha visto ou comido. Pois bem. Situações desesperadas requerem medidas desesperadas. Depois do processo realizado esperei o resultado. Que não tardou. Na manhã seguinte passa por mim um colega a correr. ― Deixem passar… Urgência sanitária. Deixei-me rir. Finalmente apanhara o devorador dos meus chocolates. Assim aprende a não lhes mexer. Carla Silva , 43 anos. Barbacena, Elvas Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Domingos Correia - desafio 22

Tropelias de criança Depois de uma banhoca no rio, fugidos à doutrina, nada nos sabia tão bem, a nós crianças, como assaltar um pomar… Uma vez, lembramo-nos do pomar do Adrianinho. Lá fomos feitos loucos. Subimos uma macieira e toca a comer… Subitamente, aparece o criado! Alvoroço na macieira, três maçãs acertam em cheio na cabeça do homem! Resultado: ficou zonzo… aproveitamos e fugimos a sete pés… quando o criado se recompôs, já nós estávamos longe a rirmo-nos às gargalhadas… Domingos Correia , 59 anos, Amarante Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Theo De Bakkere - desafio 22

No nosso escritório cada secretária tinha um computador pessoal, tudo assim colocado para que estivéssemos com as costas orientadas para a secretária do chefe. Às segundas-feiras começávamos às nove. Em contrapartida, o chefe vinha a bel-prazer e sempre assim acontecia, até que, numa manhã, um jovem empregado foi apanhado em flagrante delito, enquanto enrolava uns cigarros. ― Tens de enrolá-los com um dia de antemão ― dizia o chefe zangado. ― Evidentemente, patrão! Estou a enrolar estes cigarros para amanhã. Risos abafados no escritório.               Theo De Bakkere, 65 anos, Antuérpia, Bélgica Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Natalina Marques - desafio 22

Chegou a casa com a lista do nutricionista.  Começaria a dieta prometida, durante anos, mas sempre adiada. Nesse dia, era aniversário de casamento, faria um jantar especial, com sobremesa preferida. Terminado o jantar, não comeu sobremesa. Nessa noite não conseguia dormir, a pensar no doce.  Fazia-lhe crescer água na boca. Esperou que ele adormecesse, foi ao frigorifico, já vinha com a taça na mão quando apareceu: ― Acho que vou dar ao Sanção, para não haver mais tentação. Natalina Marques , 58 anos, Palmela Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Paula Castanheira - desafio 22

Aquela semana chuvosa andava a deixá-la irritada, sonhava com dias de luz, calor e mar, mas os seus sonhos só lhe devolviam mais chuva, mais ansiedade, faltavam-lhe as forças para se aguentar firme naquela caminhada e então viu-o e ficou presa naquele homem, seria novo por ali? Ou andaria ela distraída? Caramba que sorriso! A vizinha do 2º andar apareceu e abraçou-o enquanto a presenteava com um olhar fulminante. Tinha sido apanhada em flagrante, ele era comprometido! Paula Castanheira, 53 anos, Massamá Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Catarina Azevedo Rodrigues - desafio 22

Tinha uns quinze anos e estava numa daquelas festas com pouca luz e muita música. Pouco adepta do abanar do capacete, encostei-me a um sofá de veludo numa de mirone. Com falta do que fazer, decidi brincar com o veludo do sofá ao qual estava encostada. Entretida com a brincadeira, senti o objeto da minha distração mexer-se. Afinal, o "braço do sofá" era a perna de um senhor que vestia bombazina e que, espantado, me olhava boquiaberto. Catarina Azevedo Rodrigues , 44 anos, Venda do Pinheiro Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Ana Mafalda - desafio 22

Era uma vez um sem-abrigo. Daqueles que ficaram sós no mundo, sem ninguém. Dormia na rua ao relento, muitas vezes ao sabor do tempo... Um dia, viu uma porta aberta mas lá ninguém. Entrou. Livros, tantos livros! Seus olhos jorraram lágrimas de água feliz e nelas tomou banho como um petiz. Então, sentiu tamanha tentação: abriu um livro e leu, sentado no chão. Num ápice ouviu passos Surgiu uma segurança galante Ups, tinha sido apanhado em flagrante  Ana Mafalda , 47 anos, Lisboa Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Fernando Guerreiro - desafio 22

Há mais de uma hora que caminhava pelo pinhal e o corpo pedia atenção às necessidades básicas. Em todo aquele tempo não se tinha cruzado com ninguém, só a natureza selvagem o abraçava. Olhou em redor para se certificar que estava sozinho. Não se escutavam nem os pássaros, por isso, decidiu verter águas ali junto a uns arbustos. Mal se tinha aliviado, passou uma rapariga que sorriu cumplicemente. Também ela sabia o que era ser apanhada desprevenida. Fernando Guerreiro, 41 anos, Odemira Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Margarida Fonseca Santos - desafio 22

Era fascinada por agendas. Naqueles tempos, ainda com agendas de papel, trazidas em carteiras ou bolsos dos casacos, não conseguia desviar o olhar quando alguém puxava da sua. Tudo lhe interessava: as cores usadas, a foram de riscar, de apontar, as horas. A única coisa que nunca lhe despertara curiosidade era… o conteúdo. Na sua visão, não prejudicava ninguém. Na dos outros, era uma coscuvilheira. Bisbilhotar a agenda do seu chefe, fora um delito grave. E agora? Margarida Fonseca Santos , 56 anos, Lisboa Escritiva nº 22  ― apanhado em flagrante

Desafio nº 22 - Apanhado em flagrante

Nunca lhe aconteceu estar parado no trânsito e sentir aquela tentação de “limpar o salão” com jeitinho, para ninguém o ver? E nunca tentou ouvir uma conversa atrás da porta? Não? De certeza? Eu sim!  E o pior não é admiti-lo, o pior é a vergonha que se passa quando somos apanhados em flagrante. Nem sempre é fácil sair do apuro. Eu resolvi a situação assim: Fora discreta, esperara até que todos estivessem a dormir, desceu sem fazer ruído, fechou a porta devagarinho, abriu a gaveta, tirou os talheres, um prato e atirou-se à vítima sem piedade. Sem restos que a incriminassem, voltou terrivelmente satisfeita. Dormiu como nunca, sem qualquer remorso, mas a liberdade durou pouco:  ― Minha menina, estás de castigo! Comeste o bolo todo e não digas que não, porque tens o corpo cheio de borbulhas. ― Oh não, o bolo tinha nozes... Paula Cristina Pessanha Isidoro, 36 anos, Salamanca Escritiva nº 22   ― apanhado em flagrante