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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2018

Alda Gonçalves - desafio 34

— Crime! Onde? Quem foi?! É sempre um alvoroço, um desafio. — Medo, confusão! É triste perder uma ilusão! — Escrever uma história... Até pode haver uma razão! — Eram dois cavaleiros, zangados e multifacetados... — E então?! — Puxaram das suas armas, punhais compridos e afiados, e na hora de desembainharem o aço, apenas se viu uma nuvem de ferrugem, desfeita em pó pelo chão. — perdeu-se mais um objeto de museu, que servira nas lutas liberais. — Que história perfeita. Assenta na tradição!  Alda Gonçalves , 50 anos, Porto Escritiva nº 34  – policial

Carla Silva - desafio 34

Januário Periroxo, inspector da policia judiciária, parou abruptamente ao entrar na estufa. Pequenos e grandes salpicos vermelhos bordavam o chão até chegarem a formar uma poça vermelho brilhante. Estremeceu enquanto caminhava cuidadosamente observando qualquer indício que pudesse considerar como prova. Levou uma mão à cabeça ao avistar uma parte arredondada junto à mesa. Nunca vira tamanha maldade. Quem teria coragem de cometer tal acto atroz?!  Quem teria assassinado, exactamente no dia do concurso, a sua bela melancia?  Carla Silva , 44 anos, Barbacena, Elvas Escritiva nº 34  – policial

Carla Silva - desafio 34

Simplesmente acontecera As palavras ainda ecoavam na sua cabeça. ― Não acredito! Não se deixa de amar de um dia para outro. Lara sabia que ele tinha razão. Acontecera gradualmente, sem que ela o planeasse... A indiferença instalou-se pouco a pouco entre cada discussão, entre cada lágrima derramada. Tomou consciência que não o amava quando elas cessaram. Dizer-lho trouxe-lhe alívio, não sentia culpa pelo fim. Sabia que ele era o culpado. Ele tinha assassinado o amor que um dia sentira.  Carla Silva , 44 anos, Barbacena, Elvas Escritiva nº 34  – policial

Paula Castanheira - desafio 34

Amélia acabava a sua corrida matinal. Dirigia-se ao areal, quando reparou numa multidão ruidosa e agitada. Seria o barquinho do sr. Mário, com sardinha acabada de pescar? Aproximou-se, por entre muitos encontrões. Um cachalote jazia, inerte no areal. ― Foram pescadores que o mataram – disseram-lhe. Dias mais tarde, leu a notícia: Cetáceo que deu à Costa, foi morto por acumulação letal de microplásticos no estômago. Não conteve as lágrimas. Assassinos somos todos nós! Tinha de fazer algo… já! Paula Castanheira,  Massamá 54 anos Escritiva nº 34  – policial

Natalina Marques - desafio 34

Naquele dia, lá estava o Norberto, como todos os outros. Logo pela manhã, na mesma mesa da mesma esplanada. Ansiava por dois dedos de conversa. Sentia essa necessidade. Em frente, um grupo de jovens não tirava os olhos dos telemóveis, então pensava. ― Estão mais doentes que eu. Sentia saudades da casa cheia, e da alegria de trabalhar para os sustentar. Um dia, deixou de aparecer no café e alguém perguntou pelo Norberto, alguém respondeu: ― Morreu de solidão. Natalina Marques , 59 anos, Palmela Escritiva nº 34  – policial

Elsa Alves - desafio 34

Lembro-me de ouvir a porta bater e chamar: "Cristina!" Sem resposta... Talvez a porta estivesse aberta e se fechasse com alguma corrente de ar. Não. Foi Cristina que desapareceu. Nunca contactou. Terá tido algum acidente? No quarto, em cima da cama, reparo na sua mala. Abro-a: telemóvel, documentos, chaves. Tropeço num corpo. À volta, um mar de sangue. Pegadas ensanguentadas, por todo o lado. São dos meus sapatos. Então, desvairado, largo a faca que segurava na mão... Elsa Alves , 70 anos, Vila Franca de Xira Escritiva nº 34  – policial

Filomena Galvão - desafio 34

A sala já estava na penumbra, mas na ânsia de ver terminada a tarefa nem se movera para acender a luz. Repousava agora de braços caídos e com a arma do crime no colo. Sentia-se satisfeita. Foi neste crepúsculo que acabara finalmente a encomenda. Eram necessárias camisolas para as crianças do orfanato. Levara o verão todo a tecer malhas, mata e laça, mata e laça. Matou-as todas. Ela e as agulhas do  tricot  podiam agora ter descanso. Filomena Galvão, 57 anos, Corroios Escritiva nº 34  – policial

Helena Rosinha - desafio 34

Face à ocorrência de novo crime na Aldeia, reabro o processo de investigação, um emaranhado de suposições, interrogações, factos. Urge tomar medidas. Percorro as instalações da Aldeia, observo, questiono. Entro na câmara do espelho – foi aqui que os corpos dos símios foram encontrados. Fixo-me na superfície espelhada; espantado, vejo surgir, então, o jovem belo de outrora. Atrás de mim, cavernosa, soa a voz do tratador: – Má ideia, a sua, Inspector! Nenhuma criatura sobrevive ao espelho de Narciso. Helena Rosinha , 65 anos, vila Franca de Xira Escritiva nº 34  – policial

Theo De Bakkere - desafio 34

O bispote O vaso de noite, um exemplar peculiar com um brasão dourado no fundo, tornou-se curiosamente a arma do crime. Achado por um polícia inábil quando pisou naquele bispote nobre. Quiçá uma pancada daí provocara a morte da condessa. Com a mansão ainda cheia de convidados suspeitosos, o polícia já não sabia com que santo se pegar. Pareceu-lhe um enredo inescrutável, sem vergonha procurava às escondidas nos livros da Agatha Christie, como o detive Poirot desenredara o enigma. Theo De Bakkere , 66 anos, Antuérpia – Bélgica Escritiva nº 34  – policial

Ana Paula Oliveira - desafio 34

Rapidamente o detetive descobriu a arma do crime: belíssimos, saborosíssimos, tentadores, irresistíveis  cup cakes . Verdadeiros crimes passionais, crimes maldosos, provocados na cidade pela artista pasteleira com os seus pequenos, mas mágicos bolos. Por ironia do destino, conseguiu abrir a loja mesmo ao lado do consultório da nutricionista. Ora, nenhum dos seus clientes, homens, mulheres ou crianças, resistiu à primeira montra. Todos sucumbiram ao desejo ao primeiro olhar, à primeira trinca. Cup cakes  assassinos de todas as dietas! Ana Paula Oliveira , 57 anos, S, João da Madeira Escritiva nº 34  – policial

Desafio nº 34 - Policial

Eu sou pouco dada a histórias de terror, mas já um bom policial não me escapa. Aliás, no verão tenho de ter sempre algum para me fazer companhia nas viagens. E esse é o desafio: imaginem um crime cuja arma foi algo, aparentemente, bastante inofensivo. Pode ser um rebuçado, um envelope, uma escova dos dentes, pode ser o que vocês quiserem desde que pareça um "anjinho". Eu escolhi esta arma para o meu crime, salvo seja! O cenário estava preparado. A vítima completamente imobilizada e arma do crime empunhada. O procedimento era simples: acariciar as plantas dos pés até a vítima sucumbir de tanto rir, operação que não durou mais de 5 minutos. Foi com alívio que o assassino confessou o seu crime, mas a sua sinceridade provocou sonoras gargalhadas: ― Quer-me convencer que matou um fantasma fazendo-lhe cócegas?  ― Sim, senhor guarda, o fantasma não me largava e decidi matá-lo outra vez.   ― Qu'é dele?!   Paula Cristina Pessanha Isidoro,  37 anos, Salamanca