Avançar para o conteúdo principal

Marina Delgado - desafio 5


De Sintra a Lisboa, durante a semana
Não precisava ir cedo. Mas sabia que ele ia naquele comboio. Via-o à espera na estação e entrava na mesma carruagem. Sentava-se de frente, longe. Ele lia o tempo todo. Ficava a olhá-lo. Se ele tirava os olhos do livro ela desviava o olhar. Coração aos pulos.
Nunca falaram. Nunca cruzaram os olhos. Nunca soube o nome dele. Vê-lo dava-lhe um conforto para o resto do dia.
Mudou de cidade, nunca mais o viu. Ainda pensa nele.
Marina Delgado, 51 anos, Pucariça, Abrantes
Escritiva nº 5 – homenagem às sapatilhas

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Maria Silvéria dos Mártires - desafio 25

Disparo o meu apito Um RISO autêntico sincero é tão bonito. Digo-te quando caminho e o chão PISO Até parece que sinto um PESO Meu coração vos ama, a tudo fica PRESO E sem distinção do branco, do amarelo ao PRETO Queria vos servir delicioso arroz no PRATO Mas não consigo matar o PATO E nem sequer o pequenino PITO E quando peço para o fazerem por mim Fico doente. Uma tristeza sem fim Apodera-se de mim e dispara meu APITO. Maria Silvéria dos Mártires , 70 anos, Lisboa Escritiva nº 25  - palavras em sequência de mudança

Rosélia Bezerra - desafio 3

Inverno na alma Não há  chuva,  entretanto, sutilmente, há frio intenso no clima, na alma do ser que se espreme pelo silêncio, pelo  vento  cortante da saudade... Ah! quanto  amor  desperdiçado invade o  azul  do céu da alma sofrida! Fica tudo  vermelho  dentro da que /muito amou de tanta tristeza contida, de amargor imenso pelo desprezo dos que mais teve afeto nesta vida... Vai à  rua  cotidianamente, caminha sem pressa, está só e, em seu isolamento, fica pensando, divagando solitariamente...   Rosélia Bezerra , 61 anos, Rio de Janeiro, Brasil Escritiva nº 3   – texto com:  chuva ,  vento ,  amor ,  azul,  vermelho  e  rua

Manuela Branco - desafio 18

Ping... Ping..., e a chuva que não vupt, já! O Vvvv... Vvvvv nos pinheiros faz lembrar o mar, e o chap, chap nos riachos onde pulo, confunde-se com o coachar dos sapos que saltam comigo. Brrrr, e o Verão que não vem! Tlim, tlão, anuncia a hora de voltar. Toc-toc pela ladeira, amanhã volto para ouvir o mar. Ai, ai, mar que nunca vi, mas quando aqui venho o bum bum no peito, diz que estou lá! Manuela Branco , 60 anos, Alverca Escritiva nº 18  ― onomatopeias na história