De Sintra a Lisboa, durante a semana
Não precisava ir cedo. Mas sabia que ele ia naquele
comboio. Via-o à espera na estação e entrava na mesma carruagem. Sentava-se de
frente, longe. Ele lia o tempo todo. Ficava a olhá-lo. Se ele tirava os olhos
do livro ela desviava o olhar. Coração aos pulos.
Nunca falaram. Nunca cruzaram os olhos. Nunca soube o
nome dele. Vê-lo dava-lhe um conforto para o resto do dia.
Mudou de cidade, nunca mais o viu. Ainda pensa nele.
Marina Delgado, 51 anos,
Pucariça, Abrantes
Escritiva nº 5 – homenagem às sapatilhas
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