Avançar para o conteúdo principal

Desafio nº 19 - Vidas passadas de objetos


Eu confesso que gosto de reutilizar tudo e mais alguma coisa, que fico feliz quando possso dar uma segunda vida ao que quer que seja e adoro, adoro, adoro, comprar coisas em segunda-mão. Ora, isto faz com que eu imagine muitas vezes como foi a vida anterior de um determinado objeto, como era o seu dono, se foi bem ou maltratado, esse tipo de coisas inúteis para o progresso do Mundo, mas que a mim me deixam bastante mais tranquila.

Ora é exactamente isso que proponho desta vez: imaginem como foi a vida de um determinado objeto, por que atribulações passou, que sacrifícios teve que fazer. Eu deixo-vos aqui um dos muitos exemplos que vos podia dar, já que me dedico a imaginar vidas passadas em objetos do quotidiano.

Tinha nascido para ser lata, coisa herdada de família a que não se atreveu a dizer que não chegado o momento de acolher, mesmo contrariada, aquelas sardinhas. Se ainda fossem umas lulas recheadas, um bacalhau com grão, mas sardinhas... O que não imaginava é que acabaria no meio do mato, numa ração de combate convertida finalmente em cinzeiro. De repente, sentiu saudades do mar e das sardinhas, respirou fundo e conseguiu ainda sentir aquele cheiro a escama.
Paula Cristina Pessanha Isidoro, 35 anos, Salamanca
Escritiva nº 19 - vidas passadas de objetos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Desafio nº 36 - Os "pontos" na história

Há palavras em português que nos dão pano para mangas, e uma delas é a palavra “ ponto ”. Já viram quantos sentidos diferentes pode ter? E com quantas expressões distintas a podemos usar? Isto sim é que é riqueza e ponto final! A proposta é essa, usar o mais possível a palavra ponto com diferentes sentidos num texto de 77 palavras.   Não comecem já à procura do ponto fraco deste desafio e leiam o meu exemplo: Aquela família era um ponto: a mãe passava o dia a dar pontos a testas endiabradas, o pai a pôr os pontos nos is lá na esquadra, o filho, que não dava ponto sem nó, a cortar e a coser no atelier, onde a avó, mestra da costura era um excelente ponto de apoio. Até o avô, já reformado, não punha ponto final ao dia, sem picar o ponto no café do Nunes, às 8 em ponto. Paula Cristina Pessanha Isidoro , 37 anos, Salamanca Escritiva nº 36   ― os «pontos» na história

Maria do Céu Ferreira - desafio 13

O meu record Um dia, na Primavera, Comecei minha proeza, Treinei-me em  bicicleta Para andar na natureza! É que «as minhas crianças» Quiseram-me incentivar, Tendo-me dado esperanças Que era fácil pedalar! Comecei dando empurrões, Lançando-me no terraço, Dando alguns encontrões, Intervalando o espaço! Cansada, indaguei um dia: -Não se aprende com rodinhas? Pensaram que eu aprendia Melhor que as criancinhas? E bem perto dos sessenta Foi a loucura ao pedal!... Só bate record quem tenta E aprender nunca fez mal! Maria do Céu Ferreira , 61 anos, Amarante Escritiva nº 13   – recordes pessoais

Ana Paula Oliveira - desafio 2

– Que diabo de velha com mania das limpezas! Estou farta!!! Vou fazer greve! A velha pegou na desgastada vassoura que se recusou a varrer. Tachos, panelas e frigideiras, fartos de tanta esfregadela, começaram a pular de alegria, batendo as tampas, solidários. Não se suportava o barulho naquela casa. O galo decidiu entrar na festa. Para que a velha não lhe cortasse a voz de tenor, como estava previsto, decidiu enlouquecê-la de vez, comandando a ruidosa manifestação: – Co co ro co có! Ana Paula Oliveira , 55 anos, S. João da Madeira Escritiva nº2  – greve na cozinha