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Sandra Évora - desafio 20


Na malga de vidro transparente abandonada na secretária, reúnem-se comuns clipes prateados. Destinados sobretudo ao papel, não tinha sequer pensado na sua polivalência. Até ao dia em que o fecho das minhas calças, zangado com o seu botão, revoltou-se e renunciou à sua função. Num acesso de criatividade súbita, para encobrir o arejamento, descobri que afinal um clipe pode abraçar um botão e dar uma grande lição a um fecho. Afinal, como nós, um clipe pode reinventar-se!
Sandra Évora, 44 anos, Sto. António dos Cavaleiros
Escritiva nº 20 – acidentes da ciencia

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Disparo o meu apito Um RISO autêntico sincero é tão bonito. Digo-te quando caminho e o chão PISO Até parece que sinto um PESO Meu coração vos ama, a tudo fica PRESO E sem distinção do branco, do amarelo ao PRETO Queria vos servir delicioso arroz no PRATO Mas não consigo matar o PATO E nem sequer o pequenino PITO E quando peço para o fazerem por mim Fico doente. Uma tristeza sem fim Apodera-se de mim e dispara meu APITO. Maria Silvéria dos Mártires , 70 anos, Lisboa Escritiva nº 25  - palavras em sequência de mudança

Rosélia Bezerra - desafio 3

Inverno na alma Não há  chuva,  entretanto, sutilmente, há frio intenso no clima, na alma do ser que se espreme pelo silêncio, pelo  vento  cortante da saudade... Ah! quanto  amor  desperdiçado invade o  azul  do céu da alma sofrida! Fica tudo  vermelho  dentro da que /muito amou de tanta tristeza contida, de amargor imenso pelo desprezo dos que mais teve afeto nesta vida... Vai à  rua  cotidianamente, caminha sem pressa, está só e, em seu isolamento, fica pensando, divagando solitariamente...   Rosélia Bezerra , 61 anos, Rio de Janeiro, Brasil Escritiva nº 3   – texto com:  chuva ,  vento ,  amor ,  azul,  vermelho  e  rua

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Ping... Ping..., e a chuva que não vupt, já! O Vvvv... Vvvvv nos pinheiros faz lembrar o mar, e o chap, chap nos riachos onde pulo, confunde-se com o coachar dos sapos que saltam comigo. Brrrr, e o Verão que não vem! Tlim, tlão, anuncia a hora de voltar. Toc-toc pela ladeira, amanhã volto para ouvir o mar. Ai, ai, mar que nunca vi, mas quando aqui venho o bum bum no peito, diz que estou lá! Manuela Branco , 60 anos, Alverca Escritiva nº 18  ― onomatopeias na história