Nunca lhe aconteceu estar parado no trânsito e sentir
aquela tentação de “limpar o salão” com jeitinho, para ninguém o ver? E nunca
tentou ouvir uma conversa atrás da porta? Não? De certeza? Eu sim! E o
pior não é admiti-lo, o pior é a vergonha que se passa quando somos apanhados
em flagrante. Nem sempre é fácil sair do apuro.
Eu
resolvi a situação assim:
Fora
discreta, esperara até que todos estivessem a dormir, desceu sem fazer ruído,
fechou a porta devagarinho, abriu a gaveta, tirou os talheres, um prato e
atirou-se à vítima sem piedade. Sem restos que a incriminassem, voltou
terrivelmente satisfeita. Dormiu como nunca, sem qualquer remorso, mas a
liberdade durou pouco:
―
Minha menina, estás de castigo! Comeste o bolo todo e não digas que não, porque
tens o corpo cheio de borbulhas.
―
Oh não, o bolo tinha nozes...
Paula
Cristina Pessanha Isidoro, 36 anos,
Salamanca
Escritiva nº 22 ― apanhado em
flagrante
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