Em jovem o meu pai montava
a cavalo. Quando deixámos África, ele quis trazer recordações das distantes
cavalgadas. Abrimos o caixote (contentor, como dizíamos) e lá estavam as
botas, esporas, estribos, luvas... No meio destes objectos deformados pela
humidade, e molhados de saudades, não encontrámos a sela. Então foi como se
esta ausência doesse mais do que a falta do cavalo, do capim e da cacimba. A
sela perdera-se das recordações, alcançando assim a glória da eternidade.
Glória Vilbro, 50
anos, Negrais, Almargem do Bispo - Sintra
Escritiva nº 29 – história de amor de objectos
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