Está uma tarde outonal enfadonha. As folhas caem e uma
nuvem ameaça chuva. Hoje ainda não sorri e estou sem imaginação. Já tentei
escrever a história e nem uma palavra sai. Resolvo ir ao cabeleireiro para
ficar mais bem-disposta, mas antes preparo um chá e uma torrada e lá vou eu.
Cabelo pronto regresso. Já próximo de casa uma chuvada súbita apanha-me
desprevenida e fico toda encharcada. E o cabelo? Melhor esquecer e rir, rir,
rir muito.
Há palavras em português que nos dão pano para mangas, e uma delas é a palavra “ ponto ”. Já viram quantos sentidos diferentes pode ter? E com quantas expressões distintas a podemos usar? Isto sim é que é riqueza e ponto final! A proposta é essa, usar o mais possível a palavra ponto com diferentes sentidos num texto de 77 palavras. Não comecem já à procura do ponto fraco deste desafio e leiam o meu exemplo: Aquela família era um ponto: a mãe passava o dia a dar pontos a testas endiabradas, o pai a pôr os pontos nos is lá na esquadra, o filho, que não dava ponto sem nó, a cortar e a coser no atelier, onde a avó, mestra da costura era um excelente ponto de apoio. Até o avô, já reformado, não punha ponto final ao dia, sem picar o ponto no café do Nunes, às 8 em ponto. Paula Cristina Pessanha Isidoro , 37 anos, Salamanca Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história
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