Com vinho branco ou tinto, conseguia sentir o prazer que os
lábios exalavam quando mergulhados no líquido que unia as risadas à volta da
mesa. Naquele dia, algo correu mal e, sem dar conta, sentiu-se rasgado. A sua
dor acompanhou o desalento das mãos que o envolviam. Terminara o seu destino
como copo. Agora, no parapeito da janela da cozinha, acolhia a avenca. Sentia
saudades do que fora, porém, percebia que, enquanto vaso, continuava a ser
útil.
Amélia Meireles, 64 anos, Ponta Delgada
Escritiva
nº 19 - vidas passadas de objetos
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