Era fascinada por agendas.
Naqueles tempos, ainda com agendas de papel, trazidas em carteiras ou bolsos
dos casacos, não conseguia desviar o olhar quando alguém puxava da sua. Tudo
lhe interessava: as cores usadas, a foram de riscar, de apontar, as horas. A
única coisa que nunca lhe despertara curiosidade era… o conteúdo. Na sua visão,
não prejudicava ninguém. Na dos outros, era uma coscuvilheira. Bisbilhotar a
agenda do seu chefe, fora um delito grave. E agora?
Margarida
Fonseca Santos, 56 anos, Lisboa
Escritiva
nº 22 ― apanhado em flagrante
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