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Mensagens

Alda Gonçalves - desafio 34

— Crime! Onde? Quem foi?! É sempre um alvoroço, um desafio. — Medo, confusão! É triste perder uma ilusão! — Escrever uma história... Até pode haver uma razão! — Eram dois cavaleiros, zangados e multifacetados... — E então?! — Puxaram das suas armas, punhais compridos e afiados, e na hora de desembainharem o aço, apenas se viu uma nuvem de ferrugem, desfeita em pó pelo chão. — perdeu-se mais um objeto de museu, que servira nas lutas liberais. — Que história perfeita. Assenta na tradição!  Alda Gonçalves , 50 anos, Porto Escritiva nº 34  – policial

Carla Silva - desafio 34

Januário Periroxo, inspector da policia judiciária, parou abruptamente ao entrar na estufa. Pequenos e grandes salpicos vermelhos bordavam o chão até chegarem a formar uma poça vermelho brilhante. Estremeceu enquanto caminhava cuidadosamente observando qualquer indício que pudesse considerar como prova. Levou uma mão à cabeça ao avistar uma parte arredondada junto à mesa. Nunca vira tamanha maldade. Quem teria coragem de cometer tal acto atroz?!  Quem teria assassinado, exactamente no dia do concurso, a sua bela melancia?  Carla Silva , 44 anos, Barbacena, Elvas Escritiva nº 34  – policial

Carla Silva - desafio 34

Simplesmente acontecera As palavras ainda ecoavam na sua cabeça. ― Não acredito! Não se deixa de amar de um dia para outro. Lara sabia que ele tinha razão. Acontecera gradualmente, sem que ela o planeasse... A indiferença instalou-se pouco a pouco entre cada discussão, entre cada lágrima derramada. Tomou consciência que não o amava quando elas cessaram. Dizer-lho trouxe-lhe alívio, não sentia culpa pelo fim. Sabia que ele era o culpado. Ele tinha assassinado o amor que um dia sentira.  Carla Silva , 44 anos, Barbacena, Elvas Escritiva nº 34  – policial

Paula Castanheira - desafio 34

Amélia acabava a sua corrida matinal. Dirigia-se ao areal, quando reparou numa multidão ruidosa e agitada. Seria o barquinho do sr. Mário, com sardinha acabada de pescar? Aproximou-se, por entre muitos encontrões. Um cachalote jazia, inerte no areal. ― Foram pescadores que o mataram – disseram-lhe. Dias mais tarde, leu a notícia: Cetáceo que deu à Costa, foi morto por acumulação letal de microplásticos no estômago. Não conteve as lágrimas. Assassinos somos todos nós! Tinha de fazer algo… já! Paula Castanheira,  Massamá 54 anos Escritiva nº 34  – policial

Natalina Marques - desafio 34

Naquele dia, lá estava o Norberto, como todos os outros. Logo pela manhã, na mesma mesa da mesma esplanada. Ansiava por dois dedos de conversa. Sentia essa necessidade. Em frente, um grupo de jovens não tirava os olhos dos telemóveis, então pensava. ― Estão mais doentes que eu. Sentia saudades da casa cheia, e da alegria de trabalhar para os sustentar. Um dia, deixou de aparecer no café e alguém perguntou pelo Norberto, alguém respondeu: ― Morreu de solidão. Natalina Marques , 59 anos, Palmela Escritiva nº 34  – policial

Elsa Alves - desafio 34

Lembro-me de ouvir a porta bater e chamar: "Cristina!" Sem resposta... Talvez a porta estivesse aberta e se fechasse com alguma corrente de ar. Não. Foi Cristina que desapareceu. Nunca contactou. Terá tido algum acidente? No quarto, em cima da cama, reparo na sua mala. Abro-a: telemóvel, documentos, chaves. Tropeço num corpo. À volta, um mar de sangue. Pegadas ensanguentadas, por todo o lado. São dos meus sapatos. Então, desvairado, largo a faca que segurava na mão... Elsa Alves , 70 anos, Vila Franca de Xira Escritiva nº 34  – policial

Filomena Galvão - desafio 34

A sala já estava na penumbra, mas na ânsia de ver terminada a tarefa nem se movera para acender a luz. Repousava agora de braços caídos e com a arma do crime no colo. Sentia-se satisfeita. Foi neste crepúsculo que acabara finalmente a encomenda. Eram necessárias camisolas para as crianças do orfanato. Levara o verão todo a tecer malhas, mata e laça, mata e laça. Matou-as todas. Ela e as agulhas do  tricot  podiam agora ter descanso. Filomena Galvão, 57 anos, Corroios Escritiva nº 34  – policial